sábado, 13 de novembro de 2010

Dor lombar: Abordagem à lombalgia na atenção primária – revisão da aula


Na última reunião da LIMFC-UFSC, o médico de família e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) Gustavo Gusso apresentou o tema Dor lombar - abordagem na atenção primária.


Para baixar a aula: Reunião 3 - Lombalgia

A dor lombar é uma das principais razões de procura por atendimento médico, estando entre os 5-10 diagnósticos mais freqüentes. Em Florianópolis, constatou-se que é a 9ª causa mais comum de consulta médica na atenção primária. Ao se investigar a queixa de um paciente, deve-se sempre pensar nas causas mais freqüentes de apresentação dessa doença. No caso da dor lombar, a causas mecânicas, por distensão ou tensão muscular, são o principal motivo da dor (97% dos casos), que normalmente se apresenta de forma difusa e sem irradiação.

Existem alguns sinais de alerta importantes na abordagem da lombalgia: os alertas vermelhos e os alertas amarelos (confira quais são os sinais de alerta baixando a aula no link

Importante salientar que, mesmo na presença de algum alerta vermelho, o médico de família ainda pode continuar a investigação antes de encaminhar imediatamente, exceto em casos de síndrome da cauda eqüina, por exemplo.

Os alertas amarelos, por sua vez, estão relacionados à parte psicossocial e podem indicar recorrência da lombalgia. Realizar a consulta médica com abordagem da medicina centrada na pessoa é um caminho para se investigar possíveis causas da perpetuação da dor.

O trabalho freqüentemente está associado à dor lombar mecânica não irradiada. Entretanto, deve-se estar atento para não estigmatizar o trabalho, pois na maioria das vezes não há opção de trocar de emprego. Médico e paciente podem tentar, em conjunto, achar alternativas, como procurar ter algum momento de repouso durante o trabalho e estimular horas de lazer. O repouso absoluto é recomendado por, no máximo, três dias.

Além da anamnese, o exame físico voltado para a lombalgia deve ser realizados: Manobra de Schober, flexão lateral (importante para valiar espondilite anquilosante, que cursa com sacroileíte), Lasègue, palpação (indispensável no exame; a dor é mais comumente encontrada de L4 a glúteos, uni ou bilateral). Deve-se solicitar, ainda, para paciente agachar (testar L4), andar sobre os calcanhares (L5) e na ponta do pé (S1).

Considerando a causa mais comum de lombalgia - mecânica não irradiada - deve-se enfatizar as medidas não farmacológicas para o tratamento, como melhorar a relação com o trabalho, estimular horas de lazer e procurar momentos de repouso. O afastamento do trabalho é necessário em muitos casos, reforçando que o repouso por mais de três não é indicado para o tratamento da lombalgia, entretanto, o retorno ao trabalho deve ser feito de forma gradativa e avaliado individualmente. Especialmente nos casos de lombalgia recorrente, deve-se procurar discutir com a equipe multiprofissional. Importante também propiciar o retorno do paciente.

O tratamento medicamentoso da dor deve seguir a escala de analgesia recomendada pela Organização Mundial da Saúde, iniciando pelos analgésicos comuns (Paracetamol e Dipirona) e antiinflamatórios não hormonais (AINH), como o ibuprofeno. Lembrar-se sempre de explicar os efeitos colaterais das medicações.

Para resumir, portanto, os pontos mais importantes da aula são:
·        Pensar primeiro na causa mais freqüente de dor lombar: mecânica;
·        Descartar os alertas vermelhos de lombalgia;
·        Investigar os alertas amarelos de lombalgia;
·        Enfatizar a importância do manejo não farmacológico da dor lombar de causa mecânica.

Voltaremos em breve com este tema na Liga de Medicina de Família e Comunidade para discussão de casos clínicos. Qualquer dúvida, entre em contato através do blog ou pelo e-mail limfc.ufsc@gmail.com.

Nenhum comentário:

Postar um comentário